Pareceu uma eternidade. Seis anos aprisionado fora das duas principais divisões do futebol brasileiro. Enfim, o Santa Cruz cumpriu sua pena. Mais de 60 mil tricolores presenciaram a libertação do clube na tarde deste domingo, no Arruda. O Santa Cruz está de volta à Série B do Campeonato Brasileiro, uma divisão minimamente digna à grandeza de um clube dono de uma torcida apaixonante.
A vitória sobre o Betim, por 2 a 1, selou o fim da agonia. Acabaram a incerteza, as liminares, as paralisações. As viagens perdidas. Nada disso pertence mais ao Tricolor. Quis o futebol que o Santa Cruz tivesse um centenário com o mínimo de honra. Em 2014, a luta será pela volta à elite.
Neste domingo, até um empate servia, graças à vitória por 1 a 0 no jogo de ida em Minas Gerais. André Dias, porém, tratou de aliviar os 60 mil corações sofridos e espremidos num Arruda dignicamente fiel a mais uma tarde histórica. O gol, aos 12 minutos do segundo tempo, coroou o principal personagem do Tricolor nesta Série C. André Dias renasceu junto com o Tricolor. Virou herói com justiça por tudo o que fez durante a campanha. A equipe mineira ainda empatou aos 20 minutos, mas Flávio Caça-Rato tratou de por fim ao drama com o gol da vitória aos 42 minutos. A festa em três cores já toma conta do Recife.
O Santa Cruz iniciou o jogo empurrado por mais de 60 mil vozes e desconsiderando a vantagem de jogar pelo empate. No entanto, a tentativa de início sufocante durou apenas cinco minutos. Tempo suficiente para que duas boas chances fossem criadas. Na primeira, Dedé acabou interceptado na hora do chute. Na segunda, André Dias desperdiçou uma bela tabela com Siloé. O passe de letra o deixou cara a cara com o goleiro Felipe. Faltou caprichar na finalização.
O Betim, porém, não demorou a sair para o jogo. Aproveitando os espaços dados pelo meio-campo tricolor, o time mineiro se lançou ao ataque e, aos 12 minutos, André Luiz puxou um contra-ataque perigoso pela esquerda, após uma bobeira de Siloé no ataque. Sandro Manoel apareceu para salvar o Santa em cima do lance. Era só o primeiro aviso. No minuto seguinte, Marion girou na área tricolor e chutou na rede pelo lado de fora. Nas arquibancadas, o torcedor coral acusou o golpe, num silêncio momentâneo.
O jogo ficou equilibrado. Diante da postura acesa do Betim, o Santa passou a dar sinais de nervosismo e preocupar ainda mais a torcida. Da metade para o fim do primeiro tempo, no entanto, ainda que não tenha conseguido ajustar completamente marcação, o time coral colocou a bola no chão. Bastou para que as chances voltassem a aparecer. André Dias arrancou dois urros da torcida na sequência. Uma cabeçada dentro da área e uma batida firme na rede pelo lado de fora. Everton Heleno ainda desperdiçou uma excelente oportunidade, e o gol da tranquilidade não saiu na primeira etapa. Do outro lado, Marion continuou a dar trabalho à zaga tricolor. O goleiro Tiago Cardoso também precisou trabalhar. Na descida para o intervalo, Vica reclamou de falta de tranquilidade por parte do Santa Cruz.
- Ele pediu para voltarmos mais ligados, pois é uma decisão para a gente. Sabemos da importância deste jogo e temos que ir ao nosso limite - explicou o lateral tricolor Oziel.
André Dias e Caça-Rato com nome na história coral
No primeiro minuto do segundo tempo, Felipe tirou o grito de gol da boca do torcedor tricolor. Com o pé, defendeu à queima-roupa um chute seco de André Dias após cruzamento de Raul. O Betim deu a resposta cinco minutos depois. Wesclei pegou firme da entrada da área e exigiu grande defesa de Tiago Cardoso.
O primeiro grande momento ficou reservado para André Dias. Aos 12 minutos, o atacante foi frio e quente ao mesmo tempo. Cirúrgico na hora de finalizar o passe açucarado de Everton Sena após cobrança de falta ensaiada. À flor da pele na comemoração. A emoção do atacante, às lágrimas, era a mesma que tomou conta de cada torcedor tricolor. Aos 20 minutos, o Betim empatou com Max. A angústia voltou a dar as caras no Arruda.
Àquela altura, o Betim só precisava de mais um gol para eliminar o Santa Cruz. Foram 22 minutos de pura tensão. Mas estava escrito e não poderia ser de outra forma. Quando Vica o tirou do banco, a torcida gritou. E gritou ainda mais quando, aos 42 minutos, Flávio Caça-Rato, iluminado, voou para o peixinho da sua vida, cravando a redenção do Santa Cruz
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