O mando de campo e os mais de 50 mil presentes não
fizeram diferença para a Ponte Preta, na primeira semifinal da Copa
Sul-americana. Na chuvosa noite desta quarta-feira, a equipe de Campinas venceu
o São Paulo por 3 a 1, de virada, em pleno Morumbi, e saiu em vantagem rumo à
decisão do torneio continental. Antônio Carlos (contra), Leonardo e Uendel
balançaram a rede de Rogério Ceni, depois de Paulo Henrique Ganso ter feito um
belo gol pelo time da casa.
A vaga será decidida na próxima quarta-feira. Não em
Campinas, mas em Mogi Mirim, já que, por solicitação da diretoria são-paulina,
a Conmebol vetou o Moisés Lucarelli, fazendo valer a exigência de capacidade
mínima de 20 mil espectadores estabelecida no regulamento. Exigência que não
vinha sendo cumprida nas fases anteriores.
Penúltimo colocado do Campeonato Brasileiro e muito
próximo de ser rebaixado à segunda divisão nacional, o time treinado pelo
ex-são-paulino Jorginho poderá até perder por 2 a 0, daqui a uma semana, para
chegar à decisão. Ao São Paulo, que se livrou recentemente do risco de queda à
Série, apenas um triunfo por três gols de diferença o deixará em condições de
disputar o bicampeonato.
Nesta quarta-feira, que seria de festa para Ceni – o
goleiro fez sua 1116ª atuação pelo clube e igualou recorde de jogos de Pelé –,
quem inicialmente não teve motivo para festejar ao chegar ao Morumbi foi Luis
Fabiano. Ainda em busca do condicionamento físico ideal, o atacante começou no
banco de reservas - pela primeira vez no São Paulo, desde 2001, em sua primeira
passagem pelo clube - e só participou mais tarde da partida, entrando no
segundo tempo.
Mas quem parecia mais nervoso era justamente Ceni.
Aos sete minutos, o capitão não hesitou em ir para o campo de ataque após a
marcação de falta na meia esquerda. Mas bateu muito mal, mandando a bola longe
demais da meta. Uma de suas piores cobranças na carreira, senão a pior. Debaixo
da trave, porém, mostraria firmeza quando acionado.
Na realidade, ele só foi acionado mesmo uma vez
antes do intervalo, em chute fraco de Artur, aos 32 minutos. Antes disso, viu
sua equipe ser ofensivamente superior ao adversário e abrir o placar. Com um
golaço. Aos 20 minutos, Paulo Henrique Ganso recebeu passe na entrada da área,
levou a bola para a perna direita e bateu rasteiro. Ela tocou a trave esquerda
e entrou.
O arremate certeiro de Ganso, no entanto, foi também
o único lance em que o São Paulo efetivamente deu trabalho ao goleiro Roberto.
Depois disso, a produção caiu significativamente, e a Ponte, mesmo que
timidamente, passou a se arriscar mais ofensivamente. Em especial com Rildo,
jogador mais agudo da equipe interiorana, o qual aparecia bem pelos dois lados
do campo.
Aos 27 minutos, o camisa 7 ponte-pretano correu para
receber lançamento na ponta esquerda, mas viu Ceni deixar a meta em direção à
bola. O goleiro chegou atrasado, sem exatamente cometer falta, mas dando susto
no técnico Muricy Ramalho, do outro lado do campo. Mas o árbitro entendeu que o
são-paulino tocou por último na bola e assinalou arremesso manual para os
visitantes.
Com mais espaço para ambos, os dois times criaram
novas chances razoáveis para marcar. O São Paulo, com Ademilson e Lucas
Evangelista. A Ponte, em arremate à distância de Fellipe Bastos e em uma
tentativa de bicicleta de Rildo. Todas, porém, sem conclusão que passasse perto
do gol.
A partida se encaminhava para o intervalo com uma
vitória parcial são-paulina até que, aos 43 minutos, Uendel recebeu passe
dentro da área, passou pelo volante Denilson e atrasou rasteiro quase da linha
de fundo. Na tentativa de fazer o corte na pequena área, o zagueiro Antônio
Carlos empurrou a bola para a rede, sem qualquer chance de defesa para Ceni,
que, ao sofrer o empate, imediatamente se enfureceu com seus companheiros de
retaguarda.
Na volta para a segunda etapa, sua irritação só deve
ter aumentado. Aos seis minutos, após cobrança de escanteio pelo lado esquerdo,
Rildo chutou forte e rasteiro, e o goleiro se esticou para espalmar a bola. Mas
a retaguarda não concluiu o corte, e Leonardo aproveitou o rebote para, com
liberdade absoluta, virar o placar. A torcida não teve dúvida em gritar o nome
de Luis Fabiano.
O técnico Muricy Ramalho demorou um pouco, mas cedeu
ao pedido da arquibancada e chamou o camisa 9. Mas já era tarde. Luis Fabiano
até assustou o goleiro Roberto, em cabeceio acima do travessão, porém a Ponte
estava firme. Tão firme que, aos 25 minutos, Uendel recebeu passe na entrada da
área e chutou de perna esquerda. A bola desviou no meio do caminho e enganou
Ceni: 3 a 1. O São Paulo ainda desperdiçou duas grandes chances de gol, com
Luis Fabiano e Welliton, para desespero da torcida. Um fim de festa que nem o
mais pessimista são-paulino imaginaria.
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